Tendo isso em mente, impressionamo-nos com a facilidade com que somos deixados sem resposta perante uma indagação relacionada a assuntos corriqueiros, tidos como “simples”. Perguntas como: o que é o tempo?
A observação de Santo Agostinho, importante filósofo cristão que viveu de 354 a 430, parece externar exatamente o que sentimos quando nos deparamos com essa questão: “Se ninguém me perguntar o que é tempo, eu sei o que é, mas, se desejar explicá-lo a quem me indaga, não sei.”
De fato, “o tempo” é uma questão recorrente em nossa civilização, abordada por filósofos desde a Antiguidade, um deles sendo Platão. “O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel”, ele diz.
Uma das visões filosóficas acerca desse assunto é de que o tempo existe unicamente em nossa própria percepção do Mundo.
Para filósofos como Antifonte de Atenas, o tempo não é uma realidade, mas sim apenas um conceito ou medida. Parmênides de Eléia partilhava desta visão e ia além: para ele, não apenas o tempo era uma ilusão, como também o movimento e a mudança.


Segundo Isaac Newton, o tempo poderia ser considerado como sendo absoluto, fluindo igualmente aos olhos de qualquer observador. Portanto, toda a ciência envolvida na mecânica clássica é baseada na concepção newtoniana de tempo.


Albert Einstein
Hoje em dia, define-se, para fins de convenção, o tempo como uma componente do sistema de medições, usada para sequenciar eventos, para comparar suas durações, os seus intervalos e para quantificar o movimento de objetos. E, como tempo é convencionado, também serão suas unidades.
A princípio, essas unidades relacionaram-se ao nascer e ao pôr do sol. A hora, originalmente definida pelos Egípcios, equivale a 1/12 do período entre o nascer e o pôr-do-sol, portanto, 1/24 de um dia completo (essa decisão baseia-se no sistema de numeração duodecimal). Então, em aproximadamente 24 horas (na realidade, 23 horas e 56 minutos), a Terra realiza a rotação completa em seu próprio eixo.
A partir daí, pode-se fragmentar e convencionar novas unidades de tempo e relacioná-las: um ano possui 12 meses; um mês possui 30 dias; um dia possui 24 horas; um minuto é 1/60 de hora; um segundo, adotado atualmente como unidade oficial de tempo pelo Sistema Internacional, é 1/60 de minuto, assim como 1/3600 de hora, que é 1/24 de dia, que, por sua vez, é 1/365 de ano, e assim por diante.
No entanto, como a Terra não é plana, e sim esférica (em formato de geóide, mais precisamente), a luz do sol não incide de forma homogênea em sua superfície. Em outras palavras, sempre haverá uma parte “clara” e uma parte “escura” no planeta. Com a rotação da Terra, a parte clara deixa de receber luz diretamente para dar lugar à parte escura.
Tendo isso em vista, sabendo que a hora é contada a partir do início de um dia, sendo o nascer e o pôr-do-sol de crucial importância para sua determinação, é fácil concluir que não há a homogeneidade no horário mundial. Basicamente, em cada “região” do planeta, em relação à incidência de raios solares, possuiria um horário diferente em um mesmo momento.
Assim, para, de certa forma, “regularizar” o “horário mundial”, foram criados os fusos horários, áreas que dividem a Terra em 24 partes (devido às 24 horas de um dia), cada uma com 15º (360º/24). Essa divisão fez-se por meio de linhas que receberam o nome de Meridianos, tendo como centro convencionado o Meridiano de Greenwich, ou Meridiano zero, traçado bem acima do Observatório Astronômico Real, um marco da época, no distrito de Greenwich, em Londres – nota-se, portanto, que a decisão foi inteiramente política, nada tendo a ver com o “centro do mundo”.
A partir do meridiano central, soma-se ou diminui-se uma hora a cada região. Ao leste, soma-se, a oeste, se diminui.


Um comentário:
Estimado Thiago,
Muito bem! É muito interessante o fato de teres citado McTaggart. Estou lendo, por sugestão de meu orientador, o livro “A Commentary on Hegel’s Logic” dele. Retirei o livro da Biblioteca da PUC, mas está disponível, também na Internet. Veja: http://www.marxists.org/reference/archive/mctaggart/logic/index.htm
Com relação ao tratamento dado ao tempo por Newton, penso que ele foi superado pelo de Kant, que não admitia um espaço como o proposto por Newton: como sendo obra da mente divina – ou ainda, como sendo uma bomboniere que, retirados todos os bombons, permanece como um receptáculo. Assim, para Kant o tempo é um dado a priori. É anterior ao dado empírico (que acessível pelos sentidos). Em outras palavras, para Kant, o tempo (e também o espaço) é aquilo que organiza e permite a ocorrência dos diferentes fenômenos, mas que, justamente por isso, deve vir antes de todos os fenômenos... Assim, se retirarmos os eventos que ocorrem no mundo e sua relação de interdependência, desaparecem também o tempo e o espaço...
Claro! Nem todos são obrigados a concordar com isso – e, de fato, nem todos concordam... Este é um ponto de vista idealista, mas, a meu ver, perece ser o mais coerente...
Desse tipo de entendimento vêm as postulações, que são posteriores, do pensador que estou estudando: Hegel!
O que tiramos de conclusões deste estudo!? i) Que tempo é categoria do pensamento humano, que é bastante complexa... ii) que tempo, e, conseqüentemente, o horário de relógio, são criações nossas – humanas –, e, portanto, são instituídas segundo interesses mais ou menos interessados, e que levam em conta a política e a economia.
Muitas outras conclusões poderiam ser retiradas...
Abração do prof.,
Donarte.
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